Tenho cansado de ver nas redes
sociais pessoas dizendo “ Agora tudo é Bullying, Na minha época zoavam o
gordinho, o magrinho, e eu to aqui”. Ou coisas do tipo querendo dizer que isso
é coisa da idade e que estão exagerando hoje em dia.
Sim eu também estou aqui meus
caros, mas não graças aos idiotas que faziam Bullying comigo, e nem graças as
pessoas que achavam que isso era coisa da idade, eu estou aqui, mas quantos que
passaram por isso não estão mais aqui ou pelo menos não saíram ilesos de tudo
isso?
Me chateia bastante ver que ao invés de
quererem ajudar com um problema sério as pessoas considerem frescura, e vão
considerar frescura até terem um filho traumatizado, retraído, com baixa
estima, aí vão se revoltar com quem causou isso, mas os olhos fechados dos pais
ajudam muito o Bullying a continuar.
Já que me incluí nessa história,
vou explicar:
A maioria das pessoas tem saudade da escola quando eram crianças e
adolescentes, eu sinceramente passaria batido ou melhor “Batendo” por essa
fase, graças a providência Divina eu só tenho 1,5M. E por sinal esse era o nome
do meu primeiro colégio, o pré até que foi muito bom, mas chegando no ensino
fundamental onde as crianças são maiores e carregam consigo os preconceitos e a
má educação dos pais, foi onde meu problema começou, primeiro quem disse que criança não consegue ser
maldosa nunca foi humilhado por uma, e sim eu tenho filho mas não sou cega. Eu era
a tal gordinha, fui criada em uma família de portugueses com italianos que
achavam que ter de tudo em casa e comer muitíssimo bem era o essencial pra
vida, advinha no que deu né, muitos quilos a mais.
Na escola eu era zoada por ser a
gordinha, mas eu levava isso de uma maneira que acho que ajudava a não me
entregar a isso, eu simplesmente transparecia não ligar, transparecia ser muito
superior aquilo tudo , mesmo me magoando muito, afinal até hoje pareço um
animal machucado, jamais choro, se me atacar eu revido e ponto. Mas pense em
uma criança de 06 anos e não em uma mulher de 27, carregar isso, o sorriso no
rosto quando quer chorar não é fácil. Também tinham as meninas da minha rua que muitas vezes me excluíam ou humilhavam por que eu tinha menos brinquedos, ou por que meus brinquedos não eram tão novos como os delas, por que minha escola não era tão de rico como a delas, depois ninguém sabe por que eu preferia ficar em casa, que era enorme, brincando com os bichos!
A adolescência chegou e aí eu passei a ser a
gordinha peituda, quando todas as meninas eram umas tabuas, mas uma vez eu era
zoada por ter seios enormes, eu tinha corpo de menina e seios de mulher, nada
proporcional não é. Mais uma vez ouvi diversas piadinhas, fiquei mais retraída,
não me sentia bonita. Eu vivia pedindo pra minha mãe me mudar de colégio, mas
como eu nunca dizia o porquê, afinal em casa eu tomava mesmo a postura do
Foda-se e fingia que nada daquilo acontecia, eu era uma aluna ótima, com notas
ótimas então minha mãe achava que o colégio que eu estava era o melhor
lugar pra eu estar, quando na verdade eu me sentia indo para o inferno todos os
dias. Conheci carinhas legais que apesar de eu não ser a TOP acabaram se
interessando por mim por quem eu era sabe, mas eu não me sentia segura com
isso, mas foram pessoas importantes.
A coisa toda melhorou quando
mudei de colégio, eu decidi que eu teria outra vida, que aquela pessoa tímida,
com vergonha de si mesma tinha morrido, eu tinha uma chance de ser uma nova
pessoa. E assim foi, “ A gordinha emagreceu” e mentalmente falando eu entrei na
personagem de menina bem resolvida e agora era uma “mulher” com seios de mulher
, com corpo de mulher. Aos 15/16 anos eu posso dizer sem nenhuma modéstia que
eu arrasava, e além disso tive o gostinho de deixar de queixo caído as meninas
que me humilhavam que ainda pareciam patas saindo da pré adolescência enquanto
eu já era Linda.E deixar com gosto amargo todos os meninos que se sentiam bons de mais pra mim, agora eu era quem não achava eles interessantes. Mas isso se tornou uma obsessão, eu muitas vezes era capaz de
passar o dia com menos que um bebê precisa de alimento pra viver, vieram as
academias, as neuroses e tudo mais, eu realmente me tornei outra pessoa, tive
sim o gosto bom de poder ter o que e quem eu quisesse, essa parte da conquista
se tornou simples demais pra mim, mas eu me tornei por muito tempo incapaz de
dar valor, era só o ter pelo ter e mais nada.
Olhando pra trás eu acho que até
lidei bem com todos os meus traumas, considerando que em casa eut inha problemas maiores com o alcoolismo do meu pai, mas vejo que a adolescência teria um gosto
muito melhor se eu não tivesse carregado comigo a amargura da infância e
pré-adolescência, eu teria encarado as coisas de uma maneira mais inocente, mais
prazerosa do que simplesmente querer esfregar minha beleza e alegria na cara de
quem me humilhou.
Hoje eu estou casada, com um filho
e muitos quilinhos a mais depois da gravidez, e acreditem isso me incomoda
demais cada vez que tenho que ouvir que to gorda,tem uma tia do meu marido que AMA lembrar que eu era linda e engordei, ahh natais não são os mesmos sem ouvir isso. Eu to gorda mesmo mas não lido com
a mesma naturalidade que uma pessoa normal. Não me fere como antigamente,
afinal eu engordei mesmo na gravidez, ainda me sinto bonita, mas preciso melhorar.
O engraçado é que vejo muitas das
meninas que me humilharam, solteiras caçando marido e competindo pau a pau com
as orcas, e então eu penso Deus sabe o que faz, mas eu me lembro do que fizeram
comigo e talvez elas não, mas com certeza essa gorda atual deve ser daquelas que hoje diz “Bullying”
é coisa dos dias de hoje na minha época.... por que hoje ela é adulta e ninguém
vai bagunçar a cabeça dela por ela ser feia e gorda como seria quando criança.
Eu até hoje não lido bem com essas situações, me lembro da vontade enorme de bater em um amigo de uma das minhas primas que humilhava ela por ter a orelha aberta e por ela não conhecer o pai, eu tinha vontade de pendurar ele de cabeça pra baixo em uma janela enquanto fazia ele ser humilhado o triplo, por ter uma mãe vagabunda e um pai corrupto,mas eu já era adulta e não podia sucumbir a essas vontades maníacas, hauahuaha mas sinceramente muitos sucumbem a isso e se tornam esses desequilibrados que espanca até matam pessoas, ou até mesmo não dão valor a suas próprias vidas. Bullying é uma tortura mental que deixa cicatrizes profundas.
Como eu disse eu acho que até
lidei bem com isso, mas quantas pessoas sem ajuda dos pais e escola conseguem superar por conta própria tanta humilhação diária? Por ser gordo, por usar
óculos, por ser muito baixo, por ser muito alto, por ser gay, por ser isso ou aquilo? Você
quer isso pro seu filho??? Não? Então não ache normal se o seu filho fizer isso
com alguém e não aceite se fizerem com ele, fique sempre atenta com as atitudes
do seu filho e muitas vezes vá saber o por que dele não querer ir a alguns locais, como
escola, clubes e tudo mais, pode não ser somente “Frescura”.
As pessoas as vezes se chocam com
a forma com que me exponho, mas vamos falar a verdade As pessoas já ME
expuseram demais, acho que tenho direito de fazer isso eu mesma quando sentir
que vale a pena. bjussssssssssss
Maravilhoso o seu relato! Emocionante e infelizmente real. É triste, mas as crianças conseguem ser crueis sim... com ctz por influencia da conduta dos pais.
ResponderExcluirBeijos e mais uma vez, parabéns pelo post.
Paula Martinelli
minhamaternidade.blogspot.com
Amiga, adorei seu depoimento, me emocionei e morri de rir!!!
ResponderExcluirÓtimo vc ter abordado isso.
Bjus, Genis
Jack, muito bom o seu relato, palavras repletas de verdade!!
ResponderExcluirEu tb já sofri na infância, mas meu problema era o contrário: sempre fui baixinha e magra demais, como sofria com isso. Hoje já superei e vejo o lado bom das coisas.
Parabéns pela coragem!
Beijo,
Ju
Jack, muito bom o seu relato, palavras repletas de verdade!!
ResponderExcluirEu tb já sofri na infância, mas meu problema era o contrário: sempre fui baixinha e magra demais, como sofria com isso. Hoje já superei e vejo o lado bom das coisas.
Parabéns pela coragem!
Beijo,
Ju
A realidade às vezes explica melhor..... as coisas. Ajuda quem conta e ajuda quem lê. Parabéns, belo post! BeijoBeijo. Andrea e Lara. http://coisas-da-lara.blogspot.com.br
ResponderExcluirNossa, que relato. Aprender com as nossas ou experiências dos outros é muito bom. Aprendemos, por vezes, às duras penas. Mas, aprendemos. Beijos!
ResponderExcluirÉ sei como é ser humilhada e excluida pelas meninas e meninos até hoje me sinto assim :/
ResponderExcluirainda mais pelos seios e etc obrigada me ajudou ^^